o que diria uma fotografia se pudesse mentir?
o que diria uma
fotografia se pudesse mentir?
houve uma hora em
que fui mais feliz do que em todas as outras, do que se pode ser, e tu estavas lá e todos os meus músculos existiam. já ouvia o
eco que a neve faz ao cair no mar mas a tua mão a tatuar a madrugada da minha…
agora é o tempo
suspenso no cigarro vazio por dentro da solidão
e não fiquei como
prometi ficar. e não fiquei como nas noites à tua cabeceira os panos frios a
tua febre as sopas as orações a um deus que nunca vi pedro e inês e não fiquei como prometi a
ver o teu avião subir e não me passou pela cabeça correr para ti em câmara
lenta tudo correr e parar a dois centímetros milímetros de ti e não vás e juro
que não me passou pela cabeça e nem sequer olhei para trás que não há finais
felizes, não há.
e o que diria a
minha fotografia se te pudesse mentir?
o meu mundo ainda te olha e da janela do nosso
quarto não há distância que a tua ausência nunca me deixou e nunca me deixou
ser mais do pedaços e sabia que me ias destruir, sempre soube, e deixei. só nos
destrói quem nós muito intimamente queremos que nos destrua. percebes isto?
escolhi-te.
e não fiquei como
prometi ficar a ver o teu avião subir por entre as minhas lágrimas, não, não
chorei e não fiquei para tu não veres que não chorei para tu hoje muito longe
embora deste quarto de onde o meu mundo ainda te olha não exista distância, continuo a escrever para ti que não sei fazer mais nada e a conversar com o
jeff no gira-discos e a edith também me visita mas só nos dias mais tristes,
nos dias em que a minha solidão me contempla me deseja e me despreza me
despreza
e a nossa
fotografia se pudesse mentir?
voltarmos ao caminho
um do outro, partilharmos a nossa cama que eu partilhei com outras e não me
custou acredita a cama e despertares com beijos flores raras mentiras daquelas
que só se inventam para quem importa e tu no aeroporto e eu a atravessar a
cidade inteira sem encontrar o caminho para casa e sem olhar para trás e neste
momento sei o que dirias ao meu ouvido abraçando-me por trás sei o que dirias e
não interessa porque não faria qualquer diferença porque o destino nem sempre
obedece ao destino porque tu muito longe porque eu nesta carta muito longe também das promessas antigas da nudez lunar da casa das nossas noites esconderijo de sal onde incendiávamos os dias.
Carlos faço das tuas palavras as minhas :). Quase chorei ;)
ResponderExcluiro melhor destas cartas é as pessoas fazerem delas coisas suas: sentimentos, emoções...memórias de momentos...e é ainda melhor qdo essa pessoa é uma amiga tão querida!beijinho Annalisa, e obrigado!;)))
ResponderExcluirmuito boa mesmo ;) já tenho umas quantas para partilhar ;)
ResponderExcluirA partilha nesse blog de sucesso[um marco entre os blogs de maquilhagem]é sempre uma honra!beijinhos
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