a minha cidade és tu
são
23:57, precisamente, e escrevo-te à distância desta cama vazia deste outono
vazio de todas as coisas que descobrimos juntos, tu e eu Porto, e sei que vamos
ser felizes para sempre.
és
a minha cidade. tu és a minha cidade. e és minha lista de sonhos por cumprir e
a minha lista de lugares por cumprir e de livros e filmes e músicas e vinhos.
nasci
para ti, para as tuas ruas de pedras e calçadas e s. bento em partidas e
chegadas em abraços mais ou menos perdidos e para o piolho o setenta e sete o
contagiarte às quartas e o gesto agora apagado e o pinguim o mau mau a tendinha
o armazém mais as tardes do solar a tasca de santo antónio o senhor fernando o
fado no boteko e para todas as pessoas que puseste no meu caminho, tantas e
tantas que vão ficar,
e para os teus velhos, que gosto quando o sol
se põe nos olhos dos teus velhos, e para o teu sotaque e a tua autenticidade de
cordas nas varandas e cuecas e soutiens e o peluche dos meninos e para o carago
para o chega-te à minha beira e para as tuas mulheres, a Sophia a Agustina, que
tens as mulheres mais bonitas do mundo e as varandas mais bonitas do mundo e a
curva de rio mais bonita do mundo
e
para a tua voz de nevoeiro para as manhãs de chuva e olhar breve da ribeira, para
o rio a molhar os pés das casas a molhar os pés das pontes a molhar os pés do
mar, e para as casas, para as tuas casas a nascer das outras casas, umas dentro
das outras e em cima e ao lado pequenas escadas a nascer e pequenas ruas e
pequenos vãos de escadas onde os namorados
que
és a cidade mais romântica do mundo e ninguém é mais feliz do que nós que te
amamos
e
gosto que tenhamos horas marcadas, sítios, dias no calendário
e
gosto de te deixar mensagens e de encontrar as mensagens que te deixei e saber
que não mudámos, eu e tu
e
gosto das viagens no teu corpo. e de te tocar, gosto tanto de te tocar. e gosto
das noites de viagens no teu corpo e dos amanheceres de frio e poucas flores e
alegria, só frio e uma alegria sem flores que o frio também pode ser alegre em manhãs de aconchego e mantas e poemas
de muitas cores.
e
gosto de voltar a ti. gosto de voltar
e
são 00:46 e continuo a escrever-te e
continuo à espera que uma janela se abra e te traga até mim, qualquer janela
e
de repente só o teu cheiro e esta falta de ar
a minha cidade és tu.
e
continuo a escrever-te à espera que uma janela se abra
e
de repente esta frágil sede a tua fotografia lúcida o teu mar alto encostado ao
meu mar
e
de repente só a tua respiração só o teu sorriso de cidade feliz só a fotografia
do teu mar alto a encostar o peito ao meu mar
e
hoje sonhei contigo. estavas muito bonita.
vou
ter todas as saudades do mundo
Be-lí-ssi-mo!
ResponderExcluirDepois, deste texto, qualquer mulher gostaria de ser cidade e de se chamar Porto. Porta de entrada de portos onde exclusivamente ancoram paraísos impossíveis.
Tu deves ter algum interesse especial em me pôr a chorar logo de manhã certamente...
ResponderExcluir@Ripichi:Obrigado!Na verdade, tudo se dev à Cidade e às MARAVILHOSAS pessoas que pôs no meu caminho...
ResponderExcluir@Angie:É a nossa cidade...podia ser de outra forma?;))
está tão, tão bonito, que me apetece ler e ler!
ResponderExcluiradorei este texto, expressa de forma maravilhosa esta linda cidade! muitos parabens ao autor e a todos os que contribuem para este blog cheio de palavras marcantes!
ResponderExcluir@Rita Laranja:Obrigado, Rita!;))))Ainda estou à espera da tua, que sabes que gosto muito do que escreves e da maneira como escreves.
ResponderExcluir@Ana Bastos Vieira:Obrigado, pelo que me toca e por todos os que fazem deste blog uma coisa tão bonita!E ainda bem que gostaste...por outro lado,é fácil falar de um tão grande amor!
@Todas:Vocês são FANTÁSTICAS!;)))
e eu que cresci aí, e que até nem costumo ter saudades... de repente até tenho.
ResponderExcluirObrigado, Ana! Aposto que é uma saudade boa...
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