Vêm de muito longe e chegam incompletamente
Vêm de muito longe e chegam
incompletamente
ao pequeno vulnerável sítio entre o meu coração e a minha vontade
coração ateu (nessas coisas dos amores em part-time), vontade
dividida, que quase acreditou
em amigos.
Inconstantes nas cores como no percurso
Adoro como passas por mim
e sorris.
Adoro como passas por mim
e não sorris.
Adoro como passas por mim.
Incompletamente.
Não se perseguem borboletas!
Fossem outros, de outras pessoas, outras pessoas, de outros
modos, outras coisas?
Passam incompletamente. Passam…
Elas pousam, se quiserem…
Perfeito desacerto pensar possuir alguém se nem a própria vida
possuímos…
E no entanto nunca me apeteceu faltar ao encontro fatal da areia
com o mar!
Sempre me serviu para visitar últimos amigos e
A solidão sempre me restou como companhia.
Sítios desertos, continuarão sempre
À nossa espera.
Maria Supertramp
Itálico correspondente ao texto de Manuel António Pina, «Farewell Happy Fields» in Poesia Reunida, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001
Adoro ter passado por este segmento:
ResponderExcluir«Adoro como passas por mim
e sorris.
Adoro como passas por mim
e não sorris.
Adoro como passas por mim.
Incompletamente.»
E eu que sou dada à estética do incompleto, espero ter-lhe apreendido completamente o sentido. Senão, que sabor a beleza é este que me ficou pegado ao palato?