não tenho nada para te dizer

a mulher lê o que escreve. é como se não tivesse sido ela. depois de escrever, esquece sempre. escreve na terceira pessoa do singular, como se de outra se tratasse. sempre lhe pareceu não ser possível que seja ela a ter vivido a vida que teve, que tem, por isso, escreve como se fosse outra. como se visse de fora. assim, não há espanto. nos outros tudo é possível. 
há dias apeteceu-lhe escrever 'conheço o carlos há cerca de uma semana, não sei como entrei neste filme, nesta história que não é minha. procurou-me para chorar no meu ombro o seu amor rejeitado por outra mulher, e ficou. e quer ficar. ele parece ser um bom homem, um bom ser humano, um a ave à procura de um ninho. eu não sei o que faço aqui, esta vida não é a minha, e no entanto, não consigo sair, como um insecto caído na teia de uma aranha.'

Ana

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