as mãos
as mãos. as tuas mãos. as mãos.
são minhas as tuas mãos. são
perfeitas.
vou gostar de ver acender-se cada
ruga das tuas mãos, porque cada ruga trará um pouco mais de perfeição, um pouco
mais de tempo, um pouco mais de nós.
os teu pulsos. o impossível equador.
os teus pulsos são meus. o interior dos teus pulsos. os domingos com pássaros
no parapeito da janela a anunciar os domingos e a chegada da primavera, as
cerejas, as flores. no interior dos teus pulsos que cabem na minha mão fechada
as flores, a estação inteira.
o teu nome. esse que repito
baixinho. o teu nome. gosto tanto do teu nome. a transparência do teu nome que é
perfeito como as tuas mãos. o teu nome de que gosto tanto. por isso o repito
tantas vezes, por isso baixinho para que ninguém o roube ou te esqueças de mim. o teu nome que é uma oração delicada um
delicado beijo a lembrar a ternura da casa inteira.
o teu sorriso. a forma como se
desenha o teu sorriso nas fotografias. nós nas fotografias nós fotografias das
viagens que fazemos para lá dos livros para lá do teu sorriso, nós por dentro
das músicas que nos descobrem e a minha cabeça nos teus joelhos a sonhar poemas
tão bonitos como o sorriso que escondes e se desenha nas fotografias, nas
minhas mãos, na pele, dentro de mim. eu parado a olhar para ti, eu parado, eu a
olhar para ti e a gostar de ti. eu só parado a gostar de ti. a gostar de ti.
os teus livros. os teus livros
que têm cheiro, que quando nos tocam ficamos com o seu cheiro na ponta dos
dedos, os teus livros que nos perfumam a ponta dos dedos e a cama e os lábios
quando os cheiramos tão de perto. os teus livros que são todo o azul do mar mais o
azul do céu mais o azul que se encontra em todas as coisas de que se pode
gostar, até nas mais pequeninas: portas azuis: janelas azuis: sonhos azuis de
manhãs azuis e céu, muito céu, e horas, muitas as horas, e flores e coisas
simples e as coisas simples e belas de que se fazem os corações mais bonitos e
a felicidade. os teus livros que são pequenas viagens às cores dos fins de
tarde: aos laranjas à transcendência ténue dos amarelos aos risos e às conversas
com pessoas que apetecem muito. e por isso os teus livros são também um grande
amor, uma esplanada ou alguém de quem se pode gostar muito, ter saudades,
apertar contra o peito. alguém que esperamos. porque o delicadamente
maravilhoso faz-se esperar.
sei que há um banco virado para o
mar. sei que é nesse banco que vou estar.
Para já, estás publicado a letra de fogo nos nossos corações. Quem te pudesse publicar nas páginas mais lindas dos livros mais lindos... Mereces, mais do que tudo o que mereces, ser lido (e já te leram!) em todos os bancos virados para o mar.
ResponderExcluirqueres ver a lágrima rolar, essa é que é essa...
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