Já não tenho mãos


Já não tenho voz para contar uma história sem princípio nem fim. Onde eternamente significa ontem e o tempo que ainda não vi chegar. É uma história pequena porque se resume a nós, e ao mesmo tempo grande porque fala sobre mim e o mistério do «eu ser». Ninguém a narra, escreve-se sozinha, com cada passo que dou, com cada olhar que lanças, com todas as emoções que se enroscam uma na outra ao ponto da indistinção... Era uma história com final feliz ou triste? Tudo o que sei é que estamos a caminhar sobre ela, mesmo quando largamos as mãos para acalmarmos esta máquina que insiste em pensar.
Afinal, já não tenho mãos para segurar este coração.

Mary Mub

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