Cartas do Brasil II
Sinto que foste tu que foste embora e que eu nunca sai da zona de embarque do aeroporto. O beijo que me prometi não aconteceu e eu não parei de sentir frio desde então. Choro quando não consigo mais fingir que tu vais voltar. Tento falar com toda a gente, ser de toda a gente, perguntar se te conhecem. Na última semana, os meus pesadelos tornaram-se mais reais. Belisco-me repetidamente para acordar, mas do lado de lá, eu ainda faço parte da tua vida - e do nosso imaginário. A tua fantasia morreu, mas a minha ficou. Vive da dúvida de não saber para onde foste, porque é que não me procuras mais, porque é que o despeito se finge de amor, porque é que estavas naquela noite, naquele hostel, perguntando pelo meu nome e pelo meu destino. De ti (agora, entendo) sei tão pouco que foi quase suicida dormir abraçada às tuas costas. E lembrar-me em ciclo de tudo o que podiamos ter sido, sem o consentimento de ninguém. Enganei-me sobre o quase tudo que eras - esse quase nada engasgado na fal